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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

GEOGRAFIA - A CHINA NA AMÉRICA CENTRAL

O canal do Panamá vai virar fichinha...

China chega à América Central com satélites e megaobras

por Danilo Valladares, da IPS


China1 China chega à América Central com satélites e megaobras

Em vermelho, o trajeto que teria o canal interoceânico da Nicarágua; em verde, a localização atual do Canal do Panamá. Foto: Jonadab CC BY-SA 3.0


Cidade da Guatemala, Guatemala, 31/10/2012 – De satélites a canais interoceânicos, os investimentos mais inovadores, ou mais faraônicos, na América Central procedem da China, com a qual, entretanto, seis dos sete países do istmo não têm relações diplomáticas. Pequim sustenta uma expansão comercial e industrial avassaladora na região, que esta não consegue capitalizar para ampliar suas vendas para o gigantesco mercado asiático.

“Os interesses chineses aumentaram, e, como toda potência, é mais o que querem colocar do que o que querem comprar”, disse à IPS o cooperativista Jesús Garza, da Associação de Organizações Não Governamentais de Honduras, que promove o desenvolvimento empresarial sustentável, entre outras ações. Por exemplo, no leste hondurenho, a empresa chinesa de capital estatal Sinohydro constrói a central hidrelétrica Patuca III, com capacidade para gerar 104 megawatts, ao custo de US$ 350 milhões.

Além disso, o presidente hondurenho, Porfirio Lobo, se reuniu em setembro com executivos do Banco de Desenvolvimento da China para explorar outros investimentos em energia e comunicações. Mas a presença chinesa se mostra muito mais ambiciosa na Nicarágua. O presidente Daniel Ortega assinou, no mês passado, um memorando de entendimento com a recém-criada HK Nicarágua Canal Development Investment Co., com sede em Hong Kong e presidida por um magnata das telecomunicações, para financiar e construir uma passagem interoceânica entre o Mar do Caribe e o Oceano Atlântico, sonho há tempos acariciado por Manágua.

Estimativas nicaraguenses indicam que a obra custará US$ 30 bilhões e demorará dez anos. A HK Nicarágua, encabeçada por Wang Jing, presidente da empresa de telecomunicações Xinwei, deverá desenvolver um canal úmido para a passagem de navios de grande porte e uma ferrovia de carga, construir um porto de águas profundas em Monkey Point, no Caribe, e remodelar o porto de Corinto, no Pacífico.

Manágua também negocia com a China Great Wall Industry Corporation o desenvolvimento e a compra do Nicasat-1, satélite de terceira geração avaliado em US$ 300 milhões, que oferecerá a partir de 2016 modernos serviços de telecomunicações, internet e televisão digital para a Nicarágua e a região. O acordo poderia se concretizar ainda este ano em Pequim entre o Instituto Nicaraguense de Telecomunicações e a Great Wall Industry, que fabrica satélites para vários países da América Latina, África e Ásia.

Em El Salvador, Costa Rica e Guatemala, os investimentos chineses incluem energia solar, indústria petroleira e telecomunicações, entre outros setores, por intermédio de empresas como Huawei, Suzhou Guoxin Group e National Petroleum Corporation.

Apesar do efeito econômico positivo que podem ter estes investimentos, Garza alertou que se deve conhecer “sob quais condições ocorre, se respeita os direitos trabalhistas e as normas ambientais, e é aí onde pode haver impactos negativos”. Em Honduras, por exemplo, a não governamental Associação Patuca denunciou irregularidades na licença que declarou “ambientalmente viável” a central Patuca III, emitida em 2011 pelo Ministério de Recursos Naturais e Meio Ambiente.

Por outro lado, o istmo não tem condições competitivas para vender seus produtos à China. A assimetria de população é apenas o aspecto mais evidente: aqui vivem 42 milhões de pessoas; lá, mais de 1,3 bilhão. A produção centro-americana é majoritariamente agrícola. “Porém, não é rentável para a China comprar feijão ou frutas aqui por causa da distância e dos custos” que esta impõe para volumes relativamente pequenos, pontuou Garza.

A América Central tampouco conseguiu a unificação aduaneira, que lhe permitiria uma tarifa única, regulamentos e legislação comuns em matéria comercial, aduaneira e sanitária, facilitando o comércio exterior e a competitividade, segundo a Secrearia de Integração Econômica Centro-Americana (Sieca). A região elevou suas vendas para o mercado asiático, mas a balança comercial continua sendo amplamente negativa.

Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua – cinco dos sete países centro-americanos – em 2004 vendiam para a China US$ 196 milhões. E, entre janeiro e maio deste ano, suas exportações para esse mercado chegaram a US$ 219 milhões, segundo a Sieca. Contudo, nesses mesmos meses, os cinco países importaram US$ 1,435 bilhão da China.

“Comercialmente, não se pode negar a China”, disse à IPS o economista Paulo de León, da consultoria Central American Business Intelligence, com sede na Guatemala. Embora o benefício regional “não seja tão evidente quanto no Chile, por exemplo, que é quem produz mais cobre no mundo e tem na China sua principal compradora”.

Pelas distâncias e pelos fretes, não convém à China comprar produtos básicos na América Central porque “o custo seria muito alto”, acrescentou León. Em sua opinião, a região deve se focar no mais próximo mercado norte-americano. “É preciso olhar mais para os Estados Unidos. Temos um mercado grande a uma hora e meia de avião; também temos México e Colômbia, com os quais mantemos tratados de livre comércio”, afirmou.

Por outro lado, a China pode se beneficiar com investimentos na região, que “tem grandes necessidades em matéria energética para as quais, por exemplo, a Guatemala, não tem dinheiro”, acrescentou. O istmo também se sente constrangido por privilegiar os vínculos com Taiwan, território que Pequim considera uma província rebelde.

Mas, na Costa Rica, único país centro-americano que tem relações diplomáticas com Pequim, as coisas não são diferentes. Na agroindústria “falamos de café, açúcar e algum outro produto agrícola”, na Costa Rica “não temos um grande impacto comercial” derivado do estabelecimento desses vínculos formais em 2007, disse à IPS o cooperativista Gilbert Ramírez. De fato, San José e Pequim assinaram em 2010 um tratado de livre comércio.

“Conversamos com empresas chinesas para vender café e açúcar, e em nível de microcréditos ou crédito para consolidar nosso modelo por meio da promotora de exportações da Costa Rica, mas depois de certo tempo não concretizamos nenhum projeto, explicou Ramírez. Ele também acredita que o mercado norte-americano continua sendo mais atraente porque “está mais perto e nos entende melhor”, destacou, referindo-se às barreiras culturais existentes entre esta região e o Oriente.

Entretanto, a América Central continua buscando oportunidades comerciais na China. O empresário Pedro Barnoya, da Câmara de Cooperação e Comércio China-Guatemala, disse à IPS que, no dia 19 deste mês, foi inaugurado um escritório comercial na cidade de Xangai, polo econômico e financeiro e maior porto do mundo por volume de mercadorias, “para buscar e encontrar compradores para os produtos que necessitam”.

Além disso, “se trabalha com o Conselho Chinês para o Fomento do Comércio Internacional e com instituições privadas para criar um comitê de negociação permanente” com a região detalhou Barnoya. Uma delegação guatemalteca esteve nos dias 17 e 18 deste mês na VI Cúpula Empresarial China-América Latina e Caribe, na cidade de Hangzhou. Apesar de tudo, o “mais importante é ir ao continente, porque é lá que está o poder aquisitivo”, concluiu. Envolverde/IPS

Fonte:

ECOLOGIA-GEOGRAFIA - CLIMA E POBREZA NO SRI LANKA

Do site Envolverde


Clima extremo atinge com tudo pobres do Sri Lanka

Amantha Perera, da IPS


clima Clima extremo atinge com tudo pobres do Sri Lanka
O antigo provérbio “a natureza é um grande nivelador” já não vigora para os mais pobres em países como Sri Lanka. Foto: Amantha Perera/IPS

Pansalgolla, Sri Lanka, 31/10/2012 – A antiga afirmação “a natureza é um grande nivelador” não se aplica mais a países como o Sri Lanka, onde as pessoas mais pobres ficam com a pior parte dos eventos climáticos extremos. O agricultor Gamhevage Dayananda, da aldeia de Pansalgolla, no distrito de Polonnaruwa, norte do país, é um reflexo desta realidade, ao sofrer períodos de seca e de inundações, alternadamente.

As inesperadas chuvas de fevereiro de 2011 obrigaram os engenheiros a abrir as comportas de grandes tanques de irrigação, que alagaram hectare após hectare de terras cultiváveis, entre elas a modesta parcela de Dayananda, que perdeu toda sua plantação de arroz, o que não é pouco para sua família de quatro membros que dependem desse cultivo para viver. E este ano lhe coube sofrer outra crise, quando a seca destruiu suas plantações e o deixou a ponto de aumentar mais sua dívida. “Em uma estação só chove, na outra há muito sol. Não há um ponto médio, só extremos”, afirmou.

É pouco provável que mude a tendência de eventos climáticos extremos que se alternam ano após ano, segundo W. L. Sumathipala, ex-chefe da unidade de mudança climática do Ministério do Meio Ambiente. O Sri Lanka sofre as consequências da mudança climática, afirmou.

O informe anual 2011 do Fundo Central de Resposta a Emergências, da Organização das Nações Unidas (ONU), diz que “as emergências climáticas, como as vinculadas a secas, inundações e tempestades, expõem as pessoas mais pobres e vulneráveis a perigos que têm consequências duradouras para sua saúde, seu meio de vida e seu bem-estar, já que são as que têm menos capacidade para lidar, e mitigar, com os efeitos dos desastres naturais.

Cerca de 8,9% dos 21 milhões de pessoas que vivem neste Estado insular da Ásia meridional são pobres. “Os pobres de zonas urbanas têm mais probabilidades de serem afetados pelas mudanças do clima”, opinou Abha Joshi-Ghani, diretora da unidade de governo local e desenvolvimento urbano do Banco Mundial. “São os mais vulneráveis porque vivem em áreas sensíveis, em zonas precárias onde ninguém mais se instalaria”, afirmou.

A organização humanitária Homeless International, com sede na Grã-Bretanha, estima que 12% dos três milhões de pessoas que vivem nas cidades do Sri Lanka residem em assentamentos precários. O secretário de Defesa e Desenvolvimento Urbano, Gotabaya Rajapaksa, disse que a maioria das pessoas que vivem nos assentamentos de Colombo reside em “terras estatais”, e acrescentou que “muitas vivem em reservas ao lado de lagos, canais e vias férreas”.

A maior ameaça para elas são as rápidas inundações. Desde 2007, a capital e outras áreas do oeste ficaram submersas mais de 20 vezes. Algumas áreas alagaram após apenas 30 minutos de fortes chuvas, como ocorreu na terceira semana de outubro. O problema pode, em parte, ser atribuído à comprometida capacidade do sistema de drenagem. Mas as precipitações cada vez mais fortes pioraram a situação, especialmente porque não parece que a tendência vá se reverter.

Na Segunda Comunicação sobre Mudança Climática de 2012, o Ministério do Meio Ambiente disse que a capital Colombo e o resto das planícies ocidentais só podem esperar por dias mais úmidos, com períodos de chuvas intensas. Por outro lado, os produtores da arroz provavelmente sofrerão períodos de seca nos próximos tempos. Segundo o Ministério, as terras cultiváveis em partes das províncias Norte e Leste, incluída Polonnaruwa, não só receberão menos das chuvas necessárias como também sofreram temperaturas mais elevadas. O Banco Central estima que uma alta de 0,5 grau na temperatura reduziria a produção de arroz em 5%.

Por isso, não surpreende que o informe do Banco de Desenvolvimento Asiático de 2011 qualifique a mudança climática como a “maior ameaça à segurança alimentar”. O especialista em desenvolvimento sustentável, Riza Yehiya, também alertou que as “variações na segurança alimentar ocasionadas pela mudança climática serão acompanhadas de instabilidade energética, o maior requisito da sociedade moderna”, junto com alimentos e água.

“Os efeitos combinados deste trio, água, alimento e insegurança energética, farão com que os setores mais pobres da sociedade se tornem extremamente vulneráveis, a menos que a segurança social se fortaleça para eles no contexto do programa de mitigação da mudança climática”, acrescentou o especialista. Os produtores de Palonnaruwa protestaram em setembro depois que os engenheiros deixaram de fornecer água por causa da seca. Os camponeses disseram que mais de 16 mil hectares de arrozais que dependem dos tanques de irrigação de Parakarama Samudarya estavam a ponto de secar totalmente.

Após sofrerem, no começo de 2011, inundações que destruíram 16 mil hectares de arrozais e cerca de 10% das primeiras colheitas, os agricultores do norte e do centro sofrem outro flagelo. A severa seca dos primeiros nove meses deste ano afetou 1,3 milhão de pessoas, segundo uma rápida avaliação do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Os especialistas estimam que cerca de 29% da colheita prevista de 1,1 milhão de toneladas se perderão, enquanto 76 mil hectares, ou 19% dos cultivos, já foram destruídos. “As conclusões preliminares indicam um substancial impacto no modo de vida de um amplo espectro da população, bem como a deterioração da segurança alimentar”, segundo a Atualização em Segurança Alimentar Global do PMA, apresentada este mês.

O economista Muttukrishna Sarvananthan acredita que o desemprego poderá afetar 20% da população economicamente ativa em algumas partes da província Norte, embora não haja dados oficiais que o confirmem. Envolverde/IPS

* Este artigo foi produzido no contexto da série em inglês Climate Change: A Reporting Lens from Asia, da IPS Ásia Pacífico.

Fonte:

IMAGENS DAS GRANDES CIDADES DO MUNDO ENVIADAS PELO 1A-JSP

Estou de volta...
Essa postagens traz as imagens de algumas das maiores cidades do mundo.
Elas foram sugeridas pelos alunos do 1A do Colégio Veritas JSP.
Algumas foram tiradas por eles próprios, outras foram tiradas da internet.
Da maneira do possível, vou colocando aqui as fotos, as fontes, e os alunos responsáveis.
Belo trabalho moçada.

Grand Place - Bruxelas - Bianca Bernardi
http://www.panoramio.com/photo/276738


Monumento a Colombo - Barcelona - Igor Semenzato
http://www.sugraphic.com/fotograf_goster.php?3210-monumento-a-colon-barcelona-cristobal-colon


Coliseu - Roma - Mirela Biscaino
http://destino.me/wp-content/uploads/2010/01/coliseo-de-roma-italia-2007070416322.jpg


Torre Eiffel - Paris - Giovana Petri
Fonte desconhecida


Estátua da Liberdade - Nova York - Júlia Costa
http://euqueroeviajar.blogspot.com.br/2011/02/estatua-da-liberdade-o-simbolo-dos.html


Frankfurt à noite - Felipe Coral
http://batomefutebol.files.wordpress.com/2011/04/frankfurtretrato.jpg


Cristo Redentor e Baia de Guanabara - Rio de Janeiro - Leonardo Asseituno (Kevin Arnold)
http://www.historiadorio.com.br/pontos/cristoredentor


Casa Rosada - Buenos Aires - Foto de Verônica Rosa


Venice Beach - Los Angeles - Letícia Ferrucci
http://news.getaroom.com/tag/california/

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

GEOGRAFIA - RETORNO DO CURSO DE GEOGRAFIA EM SOROCABA

A Universidade de Sorocaba está com as matrículas abertas para o curso de Geografia, extinto há 10 anos, quando a última turma se formou. Vale a pena dar uma olhada. A área profissional,  a médio prazo, parece promissora, pois há uma enorme defasagem desses profissionais no mercado.

A página da Universidade de Sorocaba:
http://www.uniso.br/graduacao/geografia/

O perfil e a comunidade do curso no Facebook:

http://www.facebook.com/geografia.uniso.18


http://www.facebook.com/GeografiaUniso

MOMENTO SPAM

Excelentemente irritante... DEJÀ VU


SUGESTÃO DE LIVRO...

Esse é magnífico. Uma aula sobre a ciência...




Sinopse: 

Dizer que a ciência do século [XX] renova nossos conhecimentos é quase um lugar comum: basta pensar nas partículas elementares, na astrofísica, na cosmologia ou na biologia molecular. Sabe-se, porém, menos sobre os sintomas de uma perturbação que altera até as próprias ideias recebidas a respeito do que é a ordem, a natureza, a lei.A ciência clássica fez da natureza um autômato; a era industrial equipou esse autômato com um motor cujos recursos iriam esgotar-se mais cedo ou mais tarde. A natureza hoje reconquistou seu poder de invenção. O tempo penetra todos os níveis da descrição e, com ele, a pluralidade enriquecedora dos fenômenos evolutivos e dos processos de auto-organização. O saber científico descobre-se hoje [1984] como 'escuta poética' da natureza, processo natural em um mundo aberto

ACABOU A PAUSA

Devido à minha absoluta falta de tempo, eu não postei nada nos últimos 10 dias... Acontecerá isso outras vezes, e espero a compreensão dos meus leitores... Mas postarei algumas coisas hoje...
Abraços.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

EDUCAÇÃO - 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO...

Vamos ver o que vai dar... Demorou muito para isso ocorrer no Brasil... Só espero que (um milagre aconteça) e esse dinheiro seja bem empregado na reformulação das escolas, na formação dos professores e na qualidade do ensino... e não que se pague trezentos mil reais para autores de auto-ajuda fazerem palestras miseráveis e teleconferências sonolentas e inúteis...

Câmara aprova proposta que destina 10% do PIB para educação

ERICH DECAT
DE BRASÍLIA
Da Folha de S.Paulo

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou nesta terça-feira (16) proposta que cria o PNE (Plano Nacional de Educação) e estabelece 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a área de Educação.

A proposta, que tramita na Casa desde 2010, segue para votação no Senado.

Atualmente, União, Estados e municípios aplicam, juntos, cerca de 5% do PIB no setor. Em 2011, o PIB brasileiro somou R$ 4,143 trilhões. Se a lei já estivesse em vigor, a educação receberia R$ 414,3 bilhões.

De acordo com o texto aprovado, serão utilizados 50% dos recursos do pré-sal (incluídos os royalties) diretamente em educação para que, ao final de dez anos de vigência do PNE, seja atingido o percentual de 10% do PIB para o investimento no setor.

A União deverá promover um Fórum Nacional de Educação com o objetivo de acompanhar a execução do PNE e o cumprimento de suas metas. Caberá ainda aos gestores federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais necessárias ao atingimento das metas previstas no plano.

Entre os objetivos estabelecidos está o de universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos.

Também está na lista das metas a criação, no prazo de 2 anos, de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública. O piso salarial nacional profissional seria tomado como base.

Uma das estratégias definidas na proposta está a de fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos beneficiários de programas de transferência de renda, bem como das situações de discriminação, preconceitos e violências na escola, visando ao estabelecimento de condições adequadas para o sucesso escolar dos alunos.

Fonte

ECOLOGIA - CONCURSO DE FOTOS ECOLÓGICAS FEITAS POR CRIANÇAS

A idéia do concurso é sensacional... As fotos são magníficas. Postei somente as ganhadoras, mas recomendo entrar no site oficial do concurso e dar uma olhada.

Da BBC Brasil

Concurso de fotos traz olhar infantil sobre questões ambientais


Acaba de ser concluída a primeira edição do concurso Children's Eyes on Earth International Youth Photography, criado para destacar o olhar das crianças e adolescentes sobre questões ambientais ao redor do mundo. A vencedora foi a menina russa Anastasya Vorobko, de oito anos, com um retrato de um pássaro diante da poluição de uma chaminé de fábrica.

Anastasya Vorobko, de 8 anos, cunhou sua imagem como 'SOS' e levou o primeiro lugar 

O adolescente Juan Carlos Canales, de 14 anos, enviou da Espanha a imagem 'Saída de Emergência' e conquistou o segundo lugar 

Com 'Manhã em Situ Gunung', o indonésio Michael Theodric, de 14 anos, conquistou o terceiro lugar

Por 'Campos Verdes', a menina romena Bianca Stan, de 14 anos, também ficou em terceiro, dividindo o prêmio com Theodric

Sophie Vela, de 14 anos, enviou da França a imagem 'No Vento' e levou o Prêmio Especial do Children's Eyes on Earth 2012


Com 'O Último Suspiro', a russa Kseniya Saberzhanova, de 17 anos, levou o prêmio em uma das categorias especiais

Erik Hess, da Grã-Bretanha, clicou essa cena de inverno e foi um dos finalistas no concurso internacional

"(O concurso) realmente me inspirou a continuar tirando fotos para contar histórias. Eu queria mostrar a todos o quão ruim é o ar em nossa cidade. Eu vejo o pássaro nesta foto como se carregasse uma mensagem ao redor do mundo, com a esperança de que os adultos de todos os lugares comecem a cuidar do ar que nós respiramos", diz a garota de São Petersburgo.

A foto dela, de título "SOS", foi selecionada dentre mais de 4.000 outras tiradas por jovens de até 17 anos de mais de 90 países. Na visão dos jurados, a imagem mostra uma maturidade artística muito além dos oito anos de idade da fotógrafa.

No júri convidado para avaliar os competidores estavam membros de agências de notícias como Reuters e Associated Press e da revista National Geographic, entre outros.

Saiba mais sobre o concurso no site oficial: 


Fonte:

domingo, 14 de outubro de 2012

MOMENTO SPAM

Demonstração de mau-humor


SUGESTÃO DE LIVROS DO DIA

Esse livro é muito legal. É uma das melhores abordagens sobre o movimento punk, pois aborda a contemporaneidade, e não só os fatos históricos dos anos 70. Merece ser visto.



Sinopse

Considerado um “documento vil, rebelde e ofensivo” pela censura lituana quando da sua publicação naquele país, A Filosofia do Punk — Mais do que Barulho é o primeiro livro escrito por um participante da comunidade punk norte-americana a refletir profundamente sobre os princípios, crenças e contradições do movimento em seu viés político e social.
Publicado nos Estados Unidos em 1992, A Filosofia do Punk — Mais do que Barulho já está em sua quinta edição naquele país e foi traduzido para o alemão, chinês, francês, lituano, russo, turco e, agora, português.
Numa cuidadosa tradução com glossário e índice remissivo (não incluídos na edição original e preparados especialmente para o leitor brasileiro pela Radical Livros), A Filosofia do Punk — Mais do que Barulho é leitura fundamental para compreender um dos fenômenos mais duradouros e influentes da cultura popular, quase sempre pouco conhecido e mal interpretado.
Tratando de temas como mídia, skinheads, anarquismo, questões de gênero, vegetarianismo, ecologia e ação direta, entre outros, A Filosofia do Punk — Mais do que Barulho apresenta uma visão não-distorcida e abrangente daquele que talvez seja o mais importante movimento musical popular dos últimos 25 anos.

ECOLOGIA - TRADUÇÃO DE SONZEIRAS/BARULHEIRAS - TERRORIZER

E hoje tem Terrorizer, projeto de banda grindcore que, em 1989, reunia membros do Morbid Angel, Nausea e Napalm Death, e lançou um petardo chamado World Downfall. A canção ecológica chama-se Ripped to Shreds. A capa do disco é hiper emblemática...


Terrorizer - Ripped to Shreds.

So damn tired of these lies
It looks so nice on the TV screen
animal slaughter killed for profit
one just buys and gives no thought
Big Bad Business killing millions
for their greed, love for money
always trying to make a buck
can't you see we want some truth
Ripped to shreds
nothing to gain but murder
bloody, animal slaughter
why can't understand life



Rasgado em farrapos (Tradução)
Maldição, estou cansado dessas mentiras
Parece tão agradável na tela do televisor
Matança de animais com fins lucrativos
Apenas compre e não pense
Um negócio malévolo matando milhões
Para a sua ganância, o amor pelo dinheiro
Sempre tentando tirar uma grana
Você não pode ver queremos alguma verdade
Rasgadas em farrapos
Nada a ganhar, mas homicídio
Sangrento, animais massacrados
Porque não se pode compreender a vida


Tradução reformada de:

GRANDES ECOLOGISTAS - FRANS KRAJCBERG

O grande ecologista de hoje é um artista plástico, polonês, radicado no Brasil há décadas, e que faz um dos maiores trabalhos de "arte ecológica" no mundo. Seu nome é Frans Krajcberg.

Frans Krajcberg
“Com minha obra, exprimo a consciência revoltada do planeta”

A obra de Frans Krajcberg reflete a paisagem brasileira, em particular a floresta amazônica, e a sua constante preocupação com a preservação do meio-ambiente.

O artista, ao longo de sua carreira, mantém-se fiel a uma concepção de arte relacionada diretamente à pesquisa e utilização de elementos da natureza.

Atualmente Krajcberg dedica-se mais à fotografia, mas durante sua carreira preocupou-se em denunciar as queimadas e o desmatamento no território brasileiro, especialmente no Paraná e na Amazônia. Também denunciou a exploração de minérios em Minas Gerais, além de defender as tartarugas marinhas que buscam o litoral do município de Nova Viçosa (onde o artista reside) em seu período de desova e as baleias jubarte que visitam o mesmo local anualmente.

O trabalho desenvolvido por Krajcberg, além de ser um olhar bastante poético, especialmente sobre a natureza, propõe uma reflexão sobre as principais questões ecológicas.
Biografia

Frans Krajcberg nasceu em 12 de abril de 1921 em Kozienice, cidade do sudeste da Polônia. Vivia em Czestochowa, cidade ao sul de sua terra natal, quando começou a

Segunda Guerra Mundial. Por ser judeu, sofreu preconceitos e perseguições realizadas pelos nazistas. É o terceiro de cinco filhos: dois irmãos e duas irmãs. Sua família foi morta no Holocausto. Sobre sua infância, afirmou em uma entrevista em Curitiba em 11 de outubro de 2003:

“Em criança, costumava isolar-me na floresta. Aquele era o único lugar em que podia questionar-me. Quando criança, sofri demais com o racismo cruel provocado pela religião. Aos 13, comecei a politizar-me e a ter vontade de pintar. Não tínhamos dinheiro para comprar papel, e isso me marcou bastante.”

Com o início da guerra, conseguiu refúgio na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde começou a estudar engenharia e artes na Universidade de Leningrado. De 1941 a 1945 foi oficial do exército polonês.

Após o fim da guerra, desfez-se de suas medalhas na fronteira da antiga Tchecoslováquia e imigrou para a Alemanha. Lá ingressou na Academia de Belas Artes de Stuttgart. Sobre seus estudos lá, disse na mesma entrevista de outubro de 2003:

“Lá aprendi tudo sobre a Bauhaus, sobretudo os grandes movimentos da Arte Moderna. Depois de tudo que vivera, sentia-me mais perto do expressionismo que do Concretismo, intelectual demais para mim. Para ajudar os estudantes, Baumeister instituíra um prêmio, saído de seu próprio bolso. Eu ganhei duas vezes. Ele me aconselhou a ir a Paris. Deu-me uma carta de recomendação a Léger.”
Em 1948 imigrou para o Brasil aos 27 anos, incentivado pelo seu amigo e também artista plástico Marc Chagall. Sem dinheiro e sem saber falar português, dormiu ao relento na praia do Flamengo, Rio de Janeiro, durante uma semana. Então partiu para São Paulo. Trabalhou como encarregado da manutenção do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo e também com Mário Zanini, Alfredo Volpi (foi auxiliar deste) e Waldemar Cordeiro. Expôs duas pinturas na 1ª Bienal Internacional de São Paulo de 1951.
Mudou-se para o Paraná, e lá trabalhou como engenheiro numa indústria de papel. Entretanto, abandonou o emprego para se isolar nas matas para pintar. Disse Krajcberg na entrevista de 2003:

“Detestava os homens. Fugia deles. Levei anos para entrar em casa de alguma pessoa. Isolava-me completamente. A natureza deu-me a força, devolveu-me o prazer de sentir, de pensar e de trabalhar. De sobreviver. Quando estou na natureza, eu penso a verdade, eu falo a verdade, eu me exijo verdadeiro. Um dia convidaram-me para ir ao norte do Paraná. As árvores eram como homens calcinados pela guerra. Não suportei. Troquei minha casa por uma passagem de avião para o Rio.”

Ali no interior do Paraná Krajcberg testemunhou desmatamentos e queimadas nas florestas. Disse em uma entrevista recente de janeiro de 2007 para o Planeta Sustentável da Abril:

“Cresci neste mundo chamado natureza, mas foi no Brasil que ela me provocou um grande impacto. Eu a compreendi e tomei consciência de que sou parte dela.”

Apontando para uma madeira queimada, afirmou na entrevista de 2007:

“Desde então, o que faço é denunciar a violência contra a vida. Esta casca de árvore queimada sou eu.”


A partir daí sua obra de arte nunca mais se separou de seu engajamento em prol da natureza e de sua conservação sustentável.

De 1956 a 1958 dividiu um ateliê com Franz Weissmann no Rio de Janeiro, e lá começou a pintar suas samambaias, que lembravam o que ele vivera no Paraná. Krajcberg as expôs na Bienal de São Paulo de 1957 e obteve nesta o prêmio de melhor pintor brasileiro. Vendeu as telas e se mudou para Paris.

Na capital francesa tornou-se amigo de Georges Braque (fundador do Cubismo, junto com Pablo Picasso), e teve contato com as vanguardas do novo Realismo com Pierre Restany. Durante 6 anos viveu entre Paris e Ibiza, Espanha, onde instalara um ateliê numa gruta. Nunca deixou de visitar o Rio de Janeiro durante este período. Em Ibiza começou a fazer suas primeiras “impressões de rochas” e seus “quadros de terra e pedra”, pesquisando esses materiais até 1967. Na Bienal de 1964 recebeu o prêmio da cidade de Veneza. Sobre esta época, contou em 2003 em Curitiba:

“Paris estimulava-me, mas eu me sentia perdido. Tinha parado de pintar. No Rio, a terebentina já me intoxicava. Fugi para trabalhar. Parti para Ibiza. E pela primeira vez tive necessidade de sentir a matéria, não a pintura. Fiz impressões de terras e de pedras. Logo depois comecei a colar a terra diretamente. Isso parecia uma espécie de taxismo, mas não era. Não é uma tinta jogada (atirada ou lançada). Não há o gestual pictórico. São impressões, relevos. Pedaços da natureza.”

De volta ao Brasil, em 1964, instala um ateliê em Cata Branca, Minas Gerais. A partir desse momento ocorre em sua obra a explosão no uso da cor e do próprio espaço. Começa a criar as “sombras recortadas”, nas quais associa cipós e raízes a madeiras recortadas. Nos primeiros trabalhos, opõe a geometria dos recortes à sinuosidade das formas naturais. Destaca-se a importância conferida às projeções de sombras em suas obras.

Em viagens à Amazônia e ao Pantanal do Mato Grosso, fez muita documentação e fotografias de desmatamentos. Disse:

“As montanhas eram tão belas que me pus a dançar. Elas passam do negro ao branco, passando por todas as cores. As ondas convulsivas de vegetação crescendo nos rochedos me maravilharam, eu fiquei emocionado com a beleza e me indagava como fazer uma arte tão bela. A gente se sente pobre diante de tanta riqueza. Minha obra é uma longa luta amorosa com a natureza, eu podia mostrar um fragmento dessa beleza. E assim fiz. Mas não posso repetir esse gesto até o infinito. Como fazer meu esse pedaço de madeira? Como exprimir minha emoção? Mudei minha obra sempre que senti ser preciso. Mudei? Não. Apenas encontrei uma outra natureza. Cada vez que ia a lugares diferentes, minha obra mudava. Eu recolhia troncos mortos nos campos mineiros e com eles fiz minhas primeiras esculturas, colocando-os com a terra. Eu queria lhes dar uma nova vida. Foi minha fase ‘naïve’ e romântica.”

Em 1966 Frans Krajcberg começa a construir seu ateliê, projetado por Mário Zanini, no município de Nova Viçosa, sul da Bahia. Deixa de produzir seus quadros de pedra e passa a fazer, até 1982, seus murais monocromáticos, ou “sombras recortadas”, iniciados em Paris:

“A ideia me ocorreu em Minas, mas foi em Paris que fiz minhas primeiras “sombras recortadas”. Eu queria romper o quadrado, sair da moldura. Tinha mais de uma razão para isso. A natureza ignora o quadrado: o movimento gira. A monocromia unia os elementos desassociados. Desejava evitar a policromia natural, pois as madeiras eram diferentes. Depois comecei a trabalhar sombras projetadas. Trabalhava à noite com lâmpadas, projetando sombras sobre uma prancha de madeira. ”

Em 1972, passa a residir em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Amplia o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais. Intervém em troncos e raízes, entendendo-os como desenhos no espaço. Essas esculturas fixam-se firmemente no solo ou buscam libertar-se, direcionando-se para o alto.
A partir de 1978, atua como ecologista, luta que assume caráter de denúncia em seus trabalhos: “Com minha obra, exprimo a consciência revoltada do planeta”.Krajcberg viaja constantemente para a Amazônia e Mato Grosso, e registra por meio da fotografia os desmatamentos e queimadas em imagens dramáticas. Dessas viagens, retorna com troncos e raízes calcinados, que utiliza em suas esculturas.

Ainda em 1978 viaja ao Rio Negro com Pierre Restany, o qual escreve o “Manifesto do Naturalismo Integral” ou “Manifesto do Rio Negro”, assinado por este, por Krajcberg e por Sepp Baendereck, que estivera com eles nesta viagem à Amazônia. Afirmou Krajcberg:“A natureza amazonense coloca minha sensibilidade de homem moderno em questão. Ela coloca também em questão a escala de valores estéticos tradicionalmente reconhecidos. O caos artístico atual é a conclusão lógica da evolução urbana. Aqui (na Amazônia), somos confrontados a um mundo de formas e de vibrações, ao mistério de uma transformação contínua. Devemos saber como tirar o melhor partido.”

Em 1982 faz imensas cestarias inspiradas no artesanato indígena e em 1985 viaja pelo Mato Grosso fazendo reportagens fotográficas acerca de incêndios florestais provocados pelos grandes proprietários de terras da região. Traz consigo palmeiras ressecadas com as quais fez inúmeros conjuntos esculturais. Em 1986 publica seu livro de fotografias “Natura”. Em 1987 Walter Salles realizou o filme “Krajcberg – O Poeta dos Vestígios” para a extinta TV Manchete. Nesta época ele começa a fazer seus troncos queimados.“O gesto absoluto seria de descarregar, tal qual em uma exposição, um caminhão de madeira calcinada, recolhida no campo. Minha obra é um manifesto. Não escrevo: não sou político. Devo encontrar a imagem certa. O fogo é a morte, o abismo. O fogo me acompanha desde sempre”, disse Krajcberg na entrevista de 2003.




Em 1992 realizou a exposição “Imagens do Fogo” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro à época da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Em 1995 expôs sua obra na exposição individual “ A Revolta”, no Jardim Botânico de Curitiba, que recebeu 800 mil visitantes. Em 1996 foi a vez de Paris receber suas obras na exposição “Moment d’Ailleurs: photographies de Frans Krajcberg”, no Parc de la Villette. Do jornal O Estado de São Paulo recebeu, em 1998, o Prêmio Multicultural Estadão.

Em 2000 foram lançados dois livros: “Frans Krajcberg Revolta” e “Frans Krajcberg Natura”. E no ano de 2003 foi inaugurado, no Jardim Botânico de Curitiba, o Instituto Frans Krajcberg de Arte e Meio Ambiente, espaço que passou a abrigar permanentemente obras do artista e que pretende ser um centro de referência e excelência no que se refere às discussões travadas entre arte e meio ambiente. Em 2003 Foram feitas exposições no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.

“Não escrevo, encontro imagens: essa é minha maneira de trabalhar. Meu alfabeto são as imagens vistas nas obras expostas, que devem, principalmente, ser ponto de partida para uma reflexão mais abrangente sobre o homem e sua relação com o meio ambiente. Por isso, esse espaço não se restringe apenas a exposições. Será um local de encontro, de reflexão, de proposições, de troca livre de ideias, de registro delas e de difusão do conhecimento alcançado. O planeta exige isso de nós.”

Fonte:

Mais sobre Krajcberg, ver a dissertação de Adriana de Lima: A educação ambiental através da arte : contribuições de Frans Krajcberg

GEOGRAFIA-ECOLOGIA - A REINDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL E SEUS MALÉVOLOS IMPACTOS

Um pouco mais de desmistificação... Um belo artigo do site Envolverde sobre o debate entre a desindustrialização e reindustrialização no Brasil, e seus efeitos sobre as populações e o meio ambiente.

A tão temida reindustrialização
por Mario Osava, da IPS
08/10/2012

Rio de Janeiro, Brasil, 8/10/2012 – O retrocesso do setor manufatureiro que enferma a economia do Brasil, segundo analistas, não se compadece da realidade de alguns lugares específicos, onde, pelo contrário, cresce a mão de obra de indústrias de velha geração e poluidoras: ferro e petróleo. A cidade do Rio de Janeiro é um exemplo emblemático dessa reindustrialização. Vive um ciclo de recuperação do setor no qual se destacam projetos petroquímicos e siderúrgicos, os maiores da América Latina, manchando sua imagem de capital ambiental e sede das duas mais importantes cúpulas mundiais sobre desenvolvimentos sustentável, realizadas em 1992 e este ano.

O Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em construção 40 quilômetros a nordeste desta cidade, e a Companhia Siderúrgica do Atlântico, inaugurada há dois anos no extremo oeste do mesmo distrito, fortalecem o cerco fóssil à sempre chamada “cidade maravilhosa”, delineado pelo Arco Metropolitano, a estrada que unirá os dois polos. É a “Rio mais tóxica”, lamenta um movimento de ambientalistas contrário a esses grandes projetos.

Contaminam ecossistemas costeiros, como as baías, desalojam comunidades e inviabilizam a pesca artesanal, enquanto beneficiam pouquíssimos, acusou o ativista Gabriel Strautman, da organização humanitária não governamental Justiça Global. A estas obras somam-se a construção ou ampliação de vários portos nas proximidades, para servirem de saída para o exterior de minérios, especialmente ferro, bem como de apoio à extração de hidrocarbonos Oceano Atlântico adentro.

Nesse contexto, nos últimos anos também foram reativados na área vários estaleiros, que caíram em desgraça na década de 1980, agora para produzir navios, plataformas e outros equipamentos petroleiros. É o destino do Estado do Rio de Janeiro, já que “85% do petróleo e do gás extraídos no país provêm dos mares e dos portos saem os minerais”, justificou o secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Diante dessa realidade geográfica, com a principal bacia petroleira do Atlântico de um lado, e, de outro, o Estado que mais produz ferro, fosfato, ouro, zinco e nióbio no país e por isso chamado Minas Gerais, “não se pode vetar tudo”, argumentou o secretário.

O que se pode fazer, segundo Minc, que foi ministro do Meio ambiente entre 2008 e 2010, é negociar mudanças de local ou tecnologias com as empresas para reduzir impactos e exigir compensações sociais e ambientais que, no caso do Rio de Janeiro, são as mais pesadas do Brasil. Por exemplo, explicou, o Comperj concordou em construir 22 quilômetros de metrô em cidades próximas, completar o saneamento de dois municípios, desenvolver o tratamento de esgoto, ampliar a oferta do serviço potável em sua área de influência e recuperar os rios plantando seis milhões de árvores em suas margens.

Além disso, a Petrobras, dona do projeto, assumiu o compromisso de proteger mangues dos arredores e “não jogar uma só gota de petróleo ou deságue na Baía de Guanabara”, acrescentou o secretário, assegurando que os limites de emissão de contaminantes serão oito vezes mais rigorosos do que os adotados nacionalmente. Porém, tantas promessas não tranquilizam os pescadores da Baía de Guanabara, cujas águas se estendem por 377 quilômetros quadrados, ao redor das quais cresceu a Região Metropolitana, de 12 milhões de habitantes.

“Será o Armagedon da baía”, a unidade petroquímica será gigantesca e exigirá inúmeros dutos e embarcações cruzando suas águas, disse Alexandre Anderson, presidente da Associação Homens do Mar, escaldado pelos danos à pesca provocados por outra unidade da Petrobras, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Esta unidade de processamento, localizada em área urbana e próxima à baía, responde por numerosos acidentes ambientais desde sua inauguração em 1961. Em 2000, por exemplo, derramou 1,3 milhão de litros de petróleo em suas águas, cujos efeitos são sentidos até hoje.

Diante disso, Minc defendeu o fato de que a Petrobras concordou em investir R$ 1,08 milhão em 52 ações para corrigir seus problemas ambientais. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), construída em 1946 em Volta Redonda, a 130 quilômetros do Rio de Janeiro, é outro flagelo ambiental, por contaminar gravemente o Rio Paraíba do Sul, principal fonte de água potável para a região metropolitana carioca. Esta empresa também assinou um acordo de ajuste de conduta por sanções, já cumprido em 90%, informou o secretário.

Reduc e CSN, ambas de velha geração, “contaminam muito mais” do que as novas indústrias, de tecnologias avançadas, comparou Minc. De qualquer forma, a moderna Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), com apenas dois anos de atividade, já se converteu em alvo de ambientalistas e moradores por ter provocado “chuvas de prata”, como chamam a emissão de pó de origem mineral. A unidade fica em Santa Cruz, uma zona de 220 mil habitantes no oeste da cidade do Rio de Janeiro.

As autoridades ambientais impuseram multas, pagamento de indenização aos afetados e embargo das obras até que a empresa, controlada pelo grupo alemão Thyssen Krupp, assinou um acordo para solucionar 130 problemas ambientais. Assim, conseguiu-se a instalação de um sistema “único no mundo” para evitar 90% da emissão do pó e medidas para reduzir as inundações provocadas pelo desvio de um rio no terreno da empresa.

Entretanto, os ajustes, as correções e compensações não dão descanso a Minc. No caso da CSA foi a alternativa encontrada para não fechar uma unidade siderúrgica que emprega oito mil pessoas, mas esclarece que ele não a teria aprovado. Também, “às vezes”, vetamos, destacou o secretário, que deu como exemplo a proibição de construir três portos que ameaçavam ecossistemas biodiversos e turísticos, o mais distante a 180 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro.

Também o governo estadual teve que aprovar a ampliação dos quatro portos públicos existentes e a construção de dois grandes projetos pertencentes ao empresário Eike Batista, considerado o homem mais rico do país. O maior desses terminais privados, batizado de Superporto de Açu, fica 320 quilômetros a nordeste do Rio e é por onde sairá a exportação de minério de ferro e entrará carvão. Essa área também receberá outra grande siderúrgica, centrais termoelétricas e indústrias variadas, totalizando investimentos de US$ 40 bilhões.

Nesse caso, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Rio de Janeiro impôs, para autorizar o projeto, a mudança de local, para preservar o ecossistema de sedimentos costeiros, uma lagoa e mangues, além de exigir o saneamento básico de cidades vizinhas, criação de um corredor de conservação biológica e melhores tecnologias não contaminantes, afirmou Minc. Ferrovias, dutos para minérios, estradas e armazéns acompanham Açu e outro superporto que o mesmo grupo empresarial de Eike Batista constrói em Itaguaí, oeste do Rio de Janeiro, para exportação de minerais procedentes de Minas Gerais.

O Estado do Rio de Janeiro, que viveu uma decadência econômica ao perder indústrias e instituições financeiras nos anos 1980 e 1990, se recupera desde a década passada favorecido por políticas que intensificaram a competição entre os Estados brasileiros, com privatizações e o fim do monopólio do petróleo, segundo o economista Alberto de Oliveira. Além de contar com a bacia marítima de Campos, onde mais se extrai petróleo no Brasil, a descoberta de grandes jazidas na camada pré-sal de águas profundas do Oceano Atlântico, em sua área e nas pertencentes a Estados vizinhos, ampliou o peso dos hidrocarbonos na economia local.

Políticas de desconcentração da economia excessivamente centralizada em São Paulo e uma reestruturação da petroquímica também beneficiaram o Rio de Janeiro, destino natural de investimentos associados a hidrocarbonos e aço, que incluem as indústrias metal-mecânicas, segundo Oliveira.

São opções que irritam os ambientalistas, mas a forte presença petroleira está convertendo o Rio de Janeiro em uma importante capital do conhecimento sobre petróleo e gás. Muitas empresas transnacionais, como General Electric e British Gas, decidiram instalar seus centros tecnológicos na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde o Centro de Pesquisas da Petrobras já desenvolveu muitas inovações. 

Fonte

ECOLOGIA - MAIS TRANSGÊNICOS...

Grãos trangênicos voltam a assustar a Europa
Da Carta Verde
26/09/2012

O debate sobre os possíveis malefícios dos alimentos transgênicos voltou com força depois que uma pesquisa científica francesa relacionou o aparecimento de tumores cancerígenos em ratos com o consumo de milho geneticamente modificado. O estudo causou alvoroço e o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, chegou a anunciar medidas de incentivo à proibição dos OGM (organismos geneticamente modificados) em toda a Europa, caso se confirme o resultado da nocividade do produto.

Na pesquisa, publicada pela revista “Food and Chemical Toxicology”, 200 ratos foram alimentados durante dois anos de formas distintas: o primeiro grupo com grãos de milho NK603 geneticamente modificados e o pesticida Roundup; o segundo com o OGM, mas sem o pesticida; o terceiro sem o OGM, mas com o pesticida; e o quarto sem OGM nem pesticida. O resultado apontou uma alta taxa de mortalidade dos três primeiros grupos causada por grande incidência de câncer.

As imagens divulgadas eram impressionantes: tumores do tamanho de bolas de pingue-pongue que chegavam a representar 25% do peso dos ratos. As fêmeas foram mais afetadas nas glândulas mamárias e os machos, nos rins e no fígado.

Na prática, o alimento trangênico não é consumido sem o pesticida, já que os grãos são modificados justamente para se tornarem mais resistentes ao produto, que acaba matando apenas as pragas, não a planta. Segundo o coordenador do projeto, Gilles-Eric Seralini, professor da Universidade de Caen, essa foi a primeira vez que os efeitos a longo prazo tanto do transgênico quanto do pesticida Roundup foram avaliados em tal profundidade.

A norte-americana Monsanto, empresa responsável pelos dois produtos e maior produtora de transgênicos do mundo, anunciou em comunicado que seus pesquisadores vão revisar o documento, mas adiantam que “alegações similares foram feitas pela mesma pessoa e por outros grupos de pressão contra a biotecnologia” e que foram “sistematicamente refutadas por artigos avaliados por pares, bem como pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos”. A empresa também questiona o autor do trabalho, que “já foi amplamente refutado pela comunidade científica mundial no passado”.

Uma das principais críticas à metodologia foi a utilização dos ratos albinos Sprague Dawley. “O animal utilizado é inadequado, já que tem uma tendência natural ao câncer. E também eram em número abaixo do recomendado”, alega Leila Oda, presidente da Associação Nacional de Biosegurança, a ANBio. O uso dos ratos albinos também foi questionado na Europa, mas de acordo com pesquisadores do Centre National de Recherche Scientifique, sua presença é frequente em laboratórios.

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A representante da ANBio também criticou o sensacionalismo em torno da notícia: “Os responsáveis pela pesquisa deveriam ter contatado os órgãos reguladores imediatamente, ao invés da mídia como foi feito”. Ela alega também que os testes foram feitos em apenas um tipo de milho transgênico, ou seja, mesmo se o resultado for real, o problema pode estar naquele OGM específico – o que não é o caso do pesticida Roundup, um dos mais usados no mundo.

Revolução agrágria

O primeiro-ministro francês já avisou a imprensa local que vai se opor aos alimentos transgênicos, caso seu perigo seja confirmado. “Pedi um inquérito rápido que permita verificar a validade científica deste estudo. Se os resultados forem conclusivos, (o ministro francês da Agricultura) Stéphane Le Foll defenderá a proibição dos OGM em nível europeu”, afirmou Ayrault. Os resultados são esperados para fim de novembro.

A União Europeia restringe com rigor o cultivo de alimentos trangênicos. Atualmente só é permitida a plantação de dois produtos do tipo: o milho 810, da Monsanto e a batata Amflora, da alemã BASF, que já não é mais cultivada no continente. No entanto, grandes quantidades de grãos geneticamente modificados são importadas para alimentar a criação de animais e servir de base para alimentos de consumo humano. É permitido o comércio de outros 44 tipos de OGM.

Na França, os criadores começam a se preocupar com a possibilidade da proibição à importação: “Nosso país importa 40% de toda proteína, principalmente a soja, cujo padrão no mercado mundial é OGM. Entre 75% e 80% do gado francês é alimentado a base de transgênico”, informou à Reuters Valérie Bris, responsável da alimentação animal de Coop de France, que representa mais de dois terços das empresas do setor.

Desta forma, proibir a entrada de transgênicos em território europeu seria fazer obrigatoriamente uma revolução agrária. “A União Europeia importa cerca de 40 milhões de toneladas de soja anualmente, praticamente toda a soja que consome. Gostaria de saber onde ela conseguiria substitutos para todo esse OGM”, questiona Lucílio Alves, professor do departamento de economia da Escola Superior de Agricultura da USP. O Brasil sozinho exportou quase 6 milhões de toneladas apenas de soja em grãos para o velho continente em 2010.

Não resta dúvidas de que seria extremamente complicado por em prática uma restrição dessa amplitude. E a questão não seria apenas o cultivo, mas o manuseamento da colheita. “Seria necessário fazer uma segregação entre os produtos OGM e não-OGM, senão esse último poderia ser contamidado. O armazenamento e o transporte também teriam que ser cuidados e limpos, para não haver resíduos durante todo o processo da colheita até a chegada na Europa”, explica o professor.

A importação de grãos sem modificação genética sairia consideravelmente mais cara, um aumento de 12% segundo Valérie Bris. “Se a medida fosse adotada apenas pela França, isso nos colocaria em uma situação de competitividade desastrosa em comparação aos outros países europeus”, diz a responsável.

No entanto, Alves acredita que se toda a União Europeia realmente determinasse a interdição dos OGM e pagasse um preço mais caro, os produtores se interessariam pelo negócio. “Será que a Europa estaria disposta a pagar um valor adicional por esse produto, por essa segregação? Se estivessem, seria possível sim”, conclui.

Fonte

ECOLOGIA - A MERCANTILIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Excelente artigo sobre a capitalização da ecologia
Da EcoAgência

Economia verde e mercantilização
Este é o objetivo oculto do conceito de Economia Verde, aparentemente uma nova arma em defesa do ambiente. É este o espírito da Lei nº. 2.308, de 22 de outubro de 2010, do Estado do Acre, que cria o Sistema Estadual de Incentivos a Serviços Ambientais (SISA), que alguns pretensos ambientalistas defendem como iniciativa pioneira para proteger a natureza.
Por Arthur Soffiati*


Em todas as civilizações, existiram a atividade comercial e os comerciantes. Estes viviam da sobra de bens de uso para comerciar, transformando assim bem de uso em bem de troca. Contudo, o mercado, nessas condições, estava restrito a se apropriar da produção de excedentes. Se eles se ampliavam, o mercado crescia. Se eles se reduziam, o mercado se contraía, num fluxo oscilante de altos e baixos.

Só a civilização ocidental conseguiu romper um modo de produção cujo objetivo espontâneo era atender às necessidades básicas do ser humano, como em todos os modos de produção pré-capitalistas. A partir do século XI, na Europa Ocidental, os comerciantes começaram a crescer com a transformação de bens de uso em mercadoria. Desejando engordar seus negócios, os comerciantes estimularam a expansão da Europa por terra em direção ao Oriente Médio no longo episódio denominado Cruzadas (1096 a 1270). O objetivo era quebrar o monopólio do comércio oriental detido por comerciantes muçulmanos. A tentativa fracassou.

Contudo, os comerciantes europeus continuaram na ampliação do mercado interno. Alguns fatores contribuíram para que se passasse de um sistema de produção de produtos para um sistema de produção de mercadorias. Um deles foi o tépido aquecimento climático natural entre os séculos IX e XIV. Com a elevação das temperaturas, mais terras ficaram disponíveis ao agropastoreio, proporcionando o aumento da produção e o aumento de excedentes comerciáveis. Contudo, também a população cresceu e exerceu pressão sobre a produção de alimentos. Por sua vez, o uso mais intenso do solo levou ao seu esgotamento. O segundo foi a crise geral do feudalismo no século XIV causada por um conjunto de fatores que levou à fome, a uma grande epidemia e à morte de grande parcela da população. Assim, o sistema feudal abria campo para novas relações sociais de produção.
A economia de mercado cresceu. O desejo de tomar aos muçulmanos o monopólio das rotas comerciais do oriente impulsionou a Europa a buscar uma nova rota de expansão, agora pelo Oceano Atlântico. É o que se denomina de expansão marítima, nos séculos XV e XVI. Pouco a pouco, a civilização ocidental foi alcançando todos os continentes à procura de fontes fornecedoras de matéria prima e de produtos comercializáveis. Ao mesmo tempo, abriam-se áreas de consumo dos produtos europeus.

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sábado, 13 de outubro de 2012

POLÍTICA-GEOGRAFIA - ERIC HOBSBAWN DESRESPEITADO PELA REVISTA VEJA

Bobagem atrás de bobagem da revista da direita brasileira... Tiveram a pachorra de desrespeitar a memória de um recém-falecido... é muita incompetência...

Historiadores repudiam matéria da revista Veja sobre Eric Hobsbawm

Associação afirma que a revista foi desrespeitosa, irresponsável e ideológica 

Da Revista Fórum
Revista Veja classificou o historiador marxista Eric Hobsbawn como um “idiota moral” (Foto: Divulgação)

No dia 1º de outubro, o mundo despediu-se de Eric Hobsbawn. O historiador marxista, tido como um dos maiores intelectuais do século XX, faleceu aos 95 anos.

Três dias após a morte do historiador, a revista Veja publicou em seu site a matéria,A imperdoável cegueira ideológica da Hobsbawm, onde logo na primeira frase classifica o autor como um “idiota moral”.

Na última sexta-feira (5), a Associação Nacional de História (ANPUH) publicou uma nota, por meio de sua página no Facebook, na qual repudia a crítica da Veja ao historiador inglês. A nota afirma que o tratamento dado pela Veja a Hobsbawn foi desrespeitoso, irresponsável e ideológico.

“Talvez Veja, tão empobrecida em sua análise, imagine o mundo separado em coerências absolutas: o bem e o mal. E se assim for, poderá ser ela, Veja, lembrada como de fato é: medíocre, pequena e mal intencionada”, finalizou a entidade.

Leia abaixo a íntegra da nota de repúdio

Resposta à revista VEJA

Eric Hobsbawm: um dos maiores intelectuais do século XX

Na última segunda-feira, dia 1 de outubro, faleceu o historiador inglês Eric Hobsbawm. Intelectual marxista, foi responsável por vasta obra a respeito da formação do capitalismo, do nascimento da classe operária, das culturas do mundo contemporâneo, bem como das perspectivas para o pensamento de esquerda no século XXI. Hobsbawm, com uma obra dotada de rigor, criatividade e profundo conhecimento empírico dos temas que tratava, formou gerações de intelectuais. Ao lado de E. P. Thompson e Christopher Hill liderou a geração de historiadores marxistas ingleses que superaram o doutrinarismo e a ortodoxia dominantes quando do apogeu do stalinismo. Deu voz aos homens e mulheres que sequer sabiam escrever. Que sequer imaginavam que, em suas greves, motins ou mesmo festas que organizavam, estavam a fazer História. Entendeu assim, o cotidiano e as estratégias de vida daqueles milhares que viveram as agruras do desenvolvimento capitalista. Mas Hobsbawm não foi apenas um “acadêmico”, no sentido de reduzir sua ação aos limites da sala de aula ou da pesquisa documental. Fiel à tradição do “intelectual” como divulgador de opiniões, desde Émile Zola, Hobsbawm defendeu teses, assinou manifestos e escolheu um lado. Empenhou-se desta forma por um mundo que considerava mais justo, mais democrático e mais humano. Claro está que, autor de obra tão diversa, nem sempre se concordará com suas afirmações, suas teses ou perspectivas de futuro. Esse é o desiderato de todo homem formulador de ideias. Como disse Hegel, a importância de um homem deve ser medida pela importância por ele adquirida no tempo em que viveu. E não há duvidas que, eivado de contradições, Hobsbawm é um dos homens mais importantes do século XX.

Eis que, no entanto, a Revista Veja reduz o historiador à condição de “idiota moral” (cf. o texto “A imperdoável cegueira ideológica da Hobsbawm”, publicado em www.veja.abril.com.br). Trata-se de um julgamento barato e despropositado a respeito de um dos maiores intelectuais do século XX. Veja desconsidera a contradição que é inerente aos homens. E se esquece do compromisso de Hobsbawm com a democracia, inclusive quando da queda dos regimes soviéticos, de sua preocupação com a paz e com o pluralismo. A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) repudia veementemente o tratamento desrespeitoso, irresponsável e, sim, ideológico, deste cada vez mais desacreditado veículo de informação. O tratamento desrespeitoso é dado logo no início do texto “historiador esquerdista”, dito de forma pejorativa e completamente destituído de conteúdo. E é assim em toda a “análise” acerca do falecido historiador. Nós, historiadores, sabemos que os homens são lembrados com suas contradições, seus erros e seus acertos. Seguramente Hobsbawm será, inclusive, criticado por muitos de nós. E defendido por outros tantos. E ainda existirão aqueles que o verão como exemplo de um tempo dotado de ambiguidades, de certezas e dúvidas que se entrelaçam. Como historiador e como cidadão do mundo. Talvez Veja, tão empobrecida em sua análise, imagine o mundo separado em coerências absolutas: o bem e o mal. E se assim for, poderá ser ela, Veja, lembrada como de fato é: medíocre, pequena e mal intencionada.

São Paulo, 05 de outubro de 2012

Diretoria da Associação Nacional de História

ANPUH-Brasil

Gestão 2011-2013

*Com informações do Vi o mundo.

Fonte:








POLÍTICA - IMAGEM DE HOJE - A CRISE SÍRIA

Charge de Mohammad Kargar.

GEOGRAFIA-POLÍTICA - O FILHO DO GENERAL

Vale a pena dar uma olhada. É um relato de um filho de general israelense, sobre a brutalidade do Estado sionista sobre os palestinos. O relato abaixo é do próprio vídeo do Youtube.



Existe uma tendência muito forte entre a intelectualidade ocidental a negar validade a qualquer narrativa que provenha dos palestinos. Quase nenhuma credibilidade é atribuída a um relato se sua fonte for exclusivamente de origem palestina. É devido a este tipo de preconceitos que este vídeo de Miko Peled adquire maior significância.

Miko Peled é um judeu israelense, nascido e criado em Jerusalém, cujo pai era um jovem oficial do exército em 1948 e um importante general da IDF em 1967. Ou seja, Miko Peled nasceu e cresceu em uma família e em um ambiente de profundas raízes sionistas. Não obstante isso, as contradições da vida e seu sentimento humanista foram abrindo-lhe os olhos para a realidade que o circundava. É esta realidade o que ele trata de transmitir em seu livro O filho do general (The general's son) e no relato do presente vídeo.

O que Miko Peled conta é de grande importância para todos, especialmente para aqueles que se identificam com o sionismo e com as posturas do Estado de Israel. Os fatos por ele relatados não são novidades para quem acompanha com certa proximidade o que vem sucedendo na Palestina nas últimas décadas. No entanto, em razão de suas origens nacional, cultural e étnica, as palavras expressadas em seu livro e neste documentário talvez sejam capazes de levar à reflexão a algumas pessoas que, até agora, aceitaram e assimilaram a narrativa sionista sobre o conflito na Palestina.

Podemos esperar que, mesmo depois de ler ou ouvir os relatos de Miko Peled sobre as brutalidades inumanas praticadas pelas forças de ocupação sionistas contra a indefesa população civil palestina, vários dos atuais apoiadores de Israel continuem a apoiá-lo. Mas isso só será possível para aqueles que se afastarem completamente de toda e qualquer preocupação humanista para se aferrar a um espírito pura e exclusivamente tribal. Ou seja, um espírito que leve a validar tudo o que possa render benefícios aos membros de minha tribo, sem nenhuma preocupação pelo que isso possa causar aos outros.

Contudo, assim como ocorreu com o próprio Miko Peled, muitos dos atuais defensores das políticas sionistas também poderão ser sensibilizados ao tomar contato com a realidade. A única condição prévia para que isso possa se dar é o predomínio de uma consciência humanista, coisa que, a despeito dos esforços dos ideólogos sionistas para eliminá-la, acreditamos estar presente no íntimo da maioria dessas pessoas.

Os fatos aqui relatados por Miko Peled dificilmente poderão ser rebatidos. As provas são por demais contundentes! Talvez os sionistas mais militantes prefiram não assistir a este vídeo e expressar suas críticas ao mesmo de modo automático. Não podemos condená-los por isto. É muito angustiante defender uma posição sabendo que ela vai contra aquilo que no íntimo consideramos justo. Por isso, a ignorância pode servir como uma prevenção neste caso.

Fonte: 
http://www.youtube.com/watch?v=ToYDesW47Wc